O vídeo mostra o crescimento como exclusividade da iniciativa privada, não acredito plenamente nesta hipótese. O crescimento ao longo dos anos seria natural mesmo na administração pública, novas tecnologias e busca por energia limpa.
A evolução do setor elétrico brasileiro ao longo das últimas décadas mostra uma transição do controle estatal para uma maior participação da iniciativa privada, impulsionada por diversos fatores econômicos e regulatórios.
Inicialmente, até a década de 1980, o governo brasileiro, através de empresas estatais como a Eletrobrás, dominava a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil. No entanto, as crises do petróleo nos anos 1970 e as dificuldades econômicas dos anos 1980 limitaram a capacidade do Estado de sustentar o desenvolvimento e expansão do setor elétrico.
A partir dos anos 1990, o Brasil iniciou um processo de desestatização no setor elétrico, com reformas econômicas visando aumentar a eficiência e a competitividade no mercado. Um momento chave foi a promulgação da Lei das Concessões em 1995, que permitiu a entrada de empresas privadas na prestação de serviços de energia elétrica, incluindo atividades de geração, transmissão e distribuição. A criação do Mercado Atacadista de Energia (MAE) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) também foram passos importantes nesta direção.
O modelo estatal inicial mostrou-se insuficiente para atender à crescente demanda por energia elétrica, levando à necessidade de um novo modelo para o setor, introduzido em 2003. Esse novo modelo se baseia em contratos para induzir a expansão do sistema, e inclui o Ambiente de Contratação Regulado (ACR) e o Ambiente de Contratação Livre (ACL). Isso possibilitou maior eficiência no mercado, garantindo o fornecimento de energia elétrica de acordo com a expansão do mercado e fomentando a concorrência.
A trajetória do setor elétrico brasileiro, portanto, revela uma transição de um modelo centralizado e estatizado para um ambiente que favorece a participação privada, estimulando a eficiência, a diversificação de fontes de energia e a competitividade no mercado. Isso sugere que tanto a administração pública quanto a iniciativa privada podem desempenhar papéis importantes no crescimento e na modernização do setor elétrico, cada um contribuindo de maneira significativa em diferentes momentos históricos e contextos econômicos.